Anuncia-se uma reflexão em Balasar sobre o Pe. Leopoldino
Mateus, o pároco do tempo da idade adulta da Beata Alexandrina, enquadrada se
não erro na comemoração dos 60 anos da sua saída da freguesia. Nós temos
estudado o Pe. Leopoldino tão aprofundadamente como antes ninguém o tinha
feito. Considerámos o longo período que precedeu a sua ida para Balasar, o seu
papel de pároco, a sua relação com a Beata Alexandrina, a sua colaboração na imprensa
poveira, o seu lugar como primeiro historiador da freguesia e o seu valor como
literato.
O Pe. Leopoldino recebeu Balasar em grande agitação.
Contaram-nos até que junto à residência do pároco anterior alguém chegou a
colocar, de noite naturalmente, um alguidar e uma faca. Inversamente, ele entregou
a freguesia num estado de grande serenidade, mas mais do que isso: a freguesia
mostrou estar-lhe profundamente agradecida. É caso para dizer que ele cumpriu
do modo mais positivo a sua missão.
Apesar disso, achamos que nem tudo correu bem. O Pe.
Leopoldino, estamos em crer, tinha um defeito originado talvez duma virtude
sua.
Nos noticiários que, como muitos outros párocos, enviava para a imprensa, nunca
tinha inimigos, só amigos. Mas quando ele chamava amigo ao Lino Ferreira, a
gente fica de pé atrás.
No Processo Informativo Diocesano, o Dr. Azevedo informa
que, nas reuniões dos sacerdotes que vinham confessar à freguesia, o Pe.
Leopoldino nem sempre falava da Alexandrina do mesmo modo: “nas reuniões em que
a maioria dos sacerdotes era pela Alexandrina, ele elogiava-a muito e, nas reuniões
em que a maioria deles era contrária, divagava e omitia”.
Disseram-nos que o mesmo Pe. Leopoldino soube sempre
dialogar quer com os que, como justamente ele, apoiavam o Estado Novo, quer com
os que eram da oposição. Parece porém que esse modo de congraçar todos assentava
em alguma falta de verticalidade…
Os Signoriles afirmam que, na decisão da comissão
examinadora, “muito peso teve a influência exercida pelo pároco” (Figlia del Dolore Madre di Amore, página
318).
Isto tem certamente a ver com uma declaração do Dr. Azevedo
(cuja fonte original de momento não temos à mão) em que ele assevera que o Pe. Leopoldino
“foi o mais severo e o mais
influente na decisão” da comissão de 1944.
Se foi assim, e não há razão para crer que não tenha sido,
esta actuação do pároco de Balasar foi muito grave. Esperava-se que ele fosse objectivo
e sereno, que marcasse um distanciamento claro, sem hesitações face aos detractores
da Beata.
Esta posição do Pe. Leopoldino teve consequências
duradouras e muito nocivas. Quando, no Processo Informativo, foi preciso
declarar incompetente a comissão de 1944, tal pôs em causa a direcção recente
da diocese. E, em nosso ver, as nefastas
consequências disso ainda perduram na actualidade…
Todos sabemos que o Pe. Leopoldino publicou mais tarde artigos
muito favoráveis à Alexandrina, mas nunca referiu o que se tinha passado uma
dúzia de anos antes... Foi pena pois um sério esclarecimento seu teria ajudado
muito.
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