quarta-feira, 10 de junho de 2015

A propósito duma moeda de Santa Helena


Em 1905, em Vila Verde, Bagunte (esta freguesia é vizinha de Balasar), ocorreu um achado arqueológico ocasional que motivou depois uma escavação promovida por Ricardo Severo. Este arqueólogo descobriu lá um cemitério lusitano-romano.
Numa das sepulturas, havia um prato onde se reuniam 15 moedas do tempo do imperador Constantino (mais uma um pouco anterior). Entre as 15, contava-se uma de Fl(ávia) Helena Augusta, a mãe do imperador, que a Igreja venera como Santa Helena.
Santa Helena viveu entre 250 e 330. A moeda de Vila Verde foi colocada na sepultura com certeza já em data próxima do fim da vida dela.
A utilização destas moedas na inumação dum cadáver não é cristã. Aliás, em nenhuma estação arqueológica das redondezas (Cividade de Bagunte, Castro de Penices, mesmo Castro de Argifonso, que sobreviveu à dominação sueva) ocorreram, que saibamos, achados que indiciassem presença da fé cristã. Mas esta moeda envia para um momento em que o cristianismo já devia ser bastante conhecido nas redondezas e as populações em breve iriam abraçá-lo dando início a uma caminhada que chegou até hoje.


Moeda de Santa Helena (Fl Helena Augusta, na inscrição da face da esquerda), sem dúvida semelhante à que foi achada em Vila Verde, Bagunte, e que envia para um período em que o cristianismo ainda não seria muito aceite na região, ao contrário do que iria acontecer em tempos próximos.

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