quarta-feira, 24 de junho de 2015

Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram…

Um dia um sacerdote dado ao estudo referia-se a alguns colegas como a engenheiros, pois promoviam a construção de obras materiais, de edifícios. Um sacerdote deve ser antes de mais um pastor, um guia, um homem de ideias.
Mas, quando um leigo se lança no combate para ser luz que ilumina, esse deve ter um lugar especial na nossa consideração. E este foi o caso da D. Eugénia, que merece uma grande homenagem.
Fernando Pessoa, o poeta que defendia ora uma ideia ora a sua contrária, escreveu uma vez:
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Mas as coisas não são assim simples.
A Alexandrina como mestra na capa de Zampilli Incandescenti, livro preparado por Eugénia Singorile.

Tudo que existe para além deste nosso mundo visível, palpável é sobrenatural, mistério. Nós acreditamos que a D. Eugénia foi recebida de braços abertos pelo Salvador, por Deus Pai e por Deus Espírito Santo. Mas nisto ainda há modos nossos de dizer. É indispensável afirmar o mistério, não reduzir o sobrenatural a uma cópia – nem que ela seja a versão original – do natural.
"Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Coríntios 2:9).
Decididamente, a morte não é a curva da estrada, morrer não é só não ser visto.
Com a D. Eugénia, desapareceu a última grande estudiosa da Beata Alexandrina, aquela que escrevia livros simples, a que chamava mosaicos de pedras preciosas. As pedras preciosas eram as citações da sua inspiradora.
Sem intelectuais deste calibre, a Beata desce a "Santinha de Balasar", alguma coisa que está a anos de luz da verdade.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Faleceu a D. Eugénia Signorile

Faleceu ontem a D. Eugénia Signorile e o seu funeral tem lugar hoje, às 15 horas, na Igreja de Santos Protásio e Gervásio, em Gorgonzola, Milão.
Embora ela já tivesse deixado de escrever sobre a Beata Alexandrina, a sua morte é uma perda imensa.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A propósito duma moeda de Santa Helena


Em 1905, em Vila Verde, Bagunte (esta freguesia é vizinha de Balasar), ocorreu um achado arqueológico ocasional que motivou depois uma escavação promovida por Ricardo Severo. Este arqueólogo descobriu lá um cemitério lusitano-romano.
Numa das sepulturas, havia um prato onde se reuniam 15 moedas do tempo do imperador Constantino (mais uma um pouco anterior). Entre as 15, contava-se uma de Fl(ávia) Helena Augusta, a mãe do imperador, que a Igreja venera como Santa Helena.
Santa Helena viveu entre 250 e 330. A moeda de Vila Verde foi colocada na sepultura com certeza já em data próxima do fim da vida dela.
A utilização destas moedas na inumação dum cadáver não é cristã. Aliás, em nenhuma estação arqueológica das redondezas (Cividade de Bagunte, Castro de Penices, mesmo Castro de Argifonso, que sobreviveu à dominação sueva) ocorreram, que saibamos, achados que indiciassem presença da fé cristã. Mas esta moeda envia para um momento em que o cristianismo já devia ser bastante conhecido nas redondezas e as populações em breve iriam abraçá-lo dando início a uma caminhada que chegou até hoje.


Moeda de Santa Helena (Fl Helena Augusta, na inscrição da face da esquerda), sem dúvida semelhante à que foi achada em Vila Verde, Bagunte, e que envia para um período em que o cristianismo ainda não seria muito aceite na região, ao contrário do que iria acontecer em tempos próximos.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Na Igreja de São João Baptista da Foz do Douro


Estivemos ontem na Foz do Douro, mais em concreto na Igreja de S. João da Foz do Douro. É uma igreja construída de raiz no século XVIII e que possui grandes retábulos de talha barroca nacional, os laterais, e de talha neoclássica, o do altar-mor. Falámos com o pároco, o jornalista do JN Rui Osório, que nos garantiu, por testemunhos fidedignos, que a Beata Alexandrina, quando esteve no Refúgio da Paralisia Infantil, foi algumas vezes lá à santa missa. E acrescentou que as prédicas do pároco de então a assustavam.
Conversando depois com uma pessoa que ali passara a juventude, disse-nos ela que as deformações das crianças com paralisia infantil eram impressionantes. O Refúgio deve ter encerrado cerca de 1970.
Colunas de talha barroca nacional na Igreja de São João da Foz. Entre elas, a imagem de Nossa Senhora da Esperança.