terça-feira, 9 de setembro de 2014

DA IGREJA DO MATINHO À IGREJA NOVA (6)

A construção

Em 23 de Dezembro de 1906, o jornal poveiro Estrela Povoense publicou esta notícia sobre a “Igreja Paroquial de Balasar”, bem semelhante a uma outra saída n’O Comércio da Póvoa de Varzim no dia 27:

A freguesia de Balasar, deste concelho, vai possuir um novo templo paroquial, cujas obras vão ser postas a concurso.
Quem desejar concorrer deverá examinar o projecto na secretaria do arquitecto da Câmara Municipal, onde ele está exposto todos os dias úteis, desde as 10 horas da manhã até às 3 horas da tarde.
As propostas devem ser enviadas em carta fechada à residência paroquial daquela freguesia até ao próximo dia 30 do corrente ao meio-dia.

Numa acta de 24 de Fevereiro de 1907, lê-se uma exposição feita à Junta de Paróquia pelo pároco, o abade Manuel Fernandes de Sousa Campos, que merece ser transcrita:

Tendo uma comissão, composta de alguns moradores desta freguesia, como à Junta não é estranho, tomado a seu cargo, por meio duma subscrição, a construção da nova igreja paroquial desta mesma freguesia, por essa construção não poder realizar-se por conta desta Junta de Paróquia, visto serem insignificantes os seus rendimentos e essa nova igreja tornar-se absoluta necessidade pelo estado de ruína em que se acha a actual, que não pode continuar a funcionar porque as suas paredes estão desequilibradas e as suas madeiras podres, como já foi verificado por peritos competentes, cumpria à Junta auxiliar essa iniciativa, prestando a essa comissão todo o seu apoio e valimento, dentro das atribuições legais, pois que de um tal melhoramento provinha um salutar benefício para a freguesia. Portanto, ocorria à Junta o dever de não só ceder da antiga igreja o seu material, altares e mais aprestos, como realizar definitivamente o acordo feito em 20 de Junho de 1897 com a comissão do Senhor da Cruz, desta freguesia, a fim de ser aproveitada a sua capela e terreno anexo na construção da nova igreja, por se tornar esse local o mais apropriado para essa edificação.

Nesta fotografia do espólio do Pe. Mariano Pinho ainda não há muro de suporte ao lado direito da igreja, o que mostra melhor o que foi a tarefa de terraplanar o lugar para a construção.

Os membros da mesa da Confraria do Senhor da Cruz estavam presentes e fecharam o acordo mencionado, abrindo assim as portas à construção da nova igreja. Este acordo seria ainda corroborado na sessão de 28 de Abril. Era juiz da Confraria do Senhor da Cruz Manuel Joaquim de Almeida, a quem se chegou a chamar, certamente com algum exagero, principal impulsor das obras da igreja, mas o seu contributo deve ter sido valioso[1].




[1] Consta que Manuel Joaquim de Almeida se terá aproveitado da posição política para adquirir de modo pouco transparente o terreno onde construiu a sua casa – a que fica imediatamente a poente do adro.

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