segunda-feira, 8 de setembro de 2014

DA IGREJA DO MATINHO À IGREJA NOVA (5)

José António dos Santos Reis, primeiro benfeitor da Igreja Paroquial de Balasar

O jornal A Independência de 11 de Junho de 1893 noticiava o falecimento do brasileiro “José António dos Santos Reis, casado, negociante à Praça do Almada”. Era balasarense e havia falecido na terça-feira anterior, dia 6. Pelo assento de óbito, sabe-se que tinha 47 anos e que vivera na “casa número 13” daquela praça. O consentimento dado pelo pai para ele rumar ao Rio de Janeiro tem data de 30 de Dezembro de 1859. Nascera no Casal.
No álbum do Prof. Furtado vem uma fotografia sua, com dedicatória e assinatura, datada do “Rio, 27 de Outubro de 1875”.
José António dos Santos Reis possuía fortuna no Brasil e não tinha filhos. Duas das deixas do seu testamento merecem ser aqui copiadas:

Deixa 1.500 réis a cada pessoa mais necessitada da freguesia de Balasar que não possa trabalhar ou ganhar alimentação.
50.000 réis à Junta de paróquia daquele freguesia para auxílio da construção duma igreja paroquial[1].
José António dos Santos Reis fotografado no Rio de Janeiro em 27 de Outubro de 1875.

Deve ter sido o primeiro donativo para a Igreja Paroquial, quinze anos antes de as obras começarem[2].
No que deve ser uma farpa ao partido progressista, o jornal regenerador Estrela Povoense de 30 de Julho de 1899, sob o título “Tudo pronto”, tem estas frases a que o momento político de então daria um sentido que em boa parte nos escapa:

Os povos de Balasar, contemplando o Outeiro, já ali imaginavam catedrais superiores às de Notre Dame ou de Colónia.
Não sabiam até como mostrar a sua gratidão ao autor de obra tão grandiosa.
Afinal, oh, decepção!

À parte o jogo político implícito, percebe-se no escrito o desejo antigo de Balasar construir uma nova e grande igreja.



[1] Este dinheiro só seria entregue quando as obras começassem.
[2] A venda das casas da Confraria do Senhor da Cruz à Junta de Paróquia, em 30 de Janeiro de 1876, quando presidia o Pe. António Martins de Faria, já se poderia integrar no plano da construção da nova igreja.

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