quinta-feira, 15 de maio de 2014

Com que idade foi para o Brasil e para que cidade se dirigiu o pai da Beata Alexandrina

Veio-nos agora à mão o “consentimento” dado ao pai da Beata Alexandrina, António Xavier, para  ir para o Brasil.
De uma freguesia não muito populosa como Balasar, deviam estar nesse grande país sul-americano lá para uns cem homens nela nascidos. Só homens, nenhuma mulher. Balasar chegou a “exportá-los” para lá à razão de uma dezena por ano (no de 1860, que foi o da vinda do Comendador do Maranhão,  foram doze). Era uma debandada.
Vamos ao documento:
Consentimento que dá José Joaquim Gonçalves Xavier, do lugar de Vila Pouca, freguesia de Balasar, deste concelho, a seu filho António, de 13 anos de idade, para se transportar para o Brasil.
Aos doze dias do mês de Janeiro do ano de mil oitocentos e oitenta e nove, nesta administração concelho da Póvoa de Varzim, onde estava o meritíssimo administrador deste concelho, doutor Domingos José da Costa Amorim, comigo, Manuel Luís Monteiro Júnior, secretário da mesma administração, compareceu José Joaquim Gonçalves Xavier, do lugar de Vila Pouca, freguesia de Balasar, deste concelho, e declarou que dava consentimento a seu filho António, nascido aos vinte e oito dias do mês de Abril do ano de mil oitocentos e setenta e cinco, para se transportar para o Brasil, declarando mais que vai para a cidade do Pará, com destino de se empregar no comércio, indo recomendado a António da Costa Reis Júnior, residente na mesma cidade (…)
Tinha então treze anos e ia para o Pará. Alguns conterrâneos tinham ido para destino semelhante com menos idade; para o Pará iam poucos, iam sobretudo para o Maranhão e Rio de Janeiro.
O documento tem a assinatura de dois homens de Gresufes, Manuel da Costa Boucinhas e o pai de António da Costa Reis Júnior, que o ia acolher. Devia tratar-se de dois lavradores abastados. António da Costa Reis pai era padrinho do António Xavier.
De tudo isto seguem-se algumas observações:
A jovem Ana Maria da Costa, embora conhecesse desde a infância o António Xavier, já o não veria há muito quando o encontrou no tratamento no Gerês, antes de nascer a Deolinda.
O pai do António Xavier, que era padeiro, devia gozar duma situação económica folgada e sobrepôs esse bem-estar à obrigação moral do filho para com a vizinha de Gresufes.
Perante a debandada masculina, a situação das mulheres jovens era penosa: onde haviam de encontrar marido? Porque era assim em Balasar e nas freguesias vizinhas.

Sem comentários:

Enviar um comentário