terça-feira, 1 de abril de 2014

Mais dois casos de crianças nascidas fora do casamento

Insistir muito neste tema das mães solteiras e dos seus filhos, mesmo a propósito do nascimento da Beata Alexandrina, pode distorcer a realidade de a grande percentagem de balasarenses ter nascido em situação perfeitamente de acordo com as leis da Igreja e do Evangelho. Mas estes dois casos tem algo de especial e por isso os registamos aqui.
O primeiro é o da escrava de Manuel Nunes e D. Benta, de quando a escravatura estava a chegar ao fim no país:
Boaventura, filho de Natália, solteira, escrava esta de Manuel Nunes, do lugar da Ponte desta freguesia de Santa Eulália de Balasar, nasceu aos doze dias do mês de Abril do ano de mil setecentos e cinquenta e três e foi baptizado por mim, António da Silva e Sousa, reitor desta igreja de Santa Eulália de Balasar, aos quatro dias do mesmo ano. Foram padrinhos Manuel da Costa, do lugar da Azenha, e Teresa da Costa, mulher de Manuel da Costa, do lugar do Matinho, estando por testemunhas Manuel da Costa, do Matinho, José, criado do Reverendo Reitor, e João, criado do mesmo, e, por assim ser verdade, fiz este termo, que assinei. Era ut supra.
O Reitor António da Silva e Sousa.
O segundo é muito diferente: a mãe estava “desposada” e mais adiante casou com o pai do seu filho.
António, filho de Maria, solteira, do Traganhal, e de Manuel Francisco de Eça, do Casal, com quem está desposada, nasceu aos cinco dias do mês de Novembro de mil setecentos e nove e foi baptizado por mim, João da Silva, reitor desta igreja, aos dez do mesmo mês e ano. Foram padrinhos Manuel António, solteiro, filho de Manuel António, do Casal, e Maria, solteira, filha de Domingos Gonçalves, moleiro, do Casal, todos desta freguesia. E por ser verdade fiz este assento que assinei. Era ut supra.
João da Silva
Estes assentos são do séc. XVIII; de facto no século seguinte os nascimentos de filhos de mãe solteira tornaram-se menos frequentes.

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