quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A resistência popular ao cisma liberal em Terroso e Rates (1838-1842)

No próximo dia 20, pelas 15 horas, vamos falar no Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim sobre “A resistência popular ao cisma liberal em Terroso e Rates (1838-1842)”. A palavra cisma era então usada em dois sentidos opostos: os liberais, de inspiração maçónica, que tinham cortado relações com a Santa Sé, culpavam de cismáticos aqueles que se lhes opunham, aqueles que faziam o possível por obedecer a uma autoridade religiosa legítima.
A partir de certa altura toda a gente em Portugal devia ser cismática: uns porque o eram (os governantes e aqueles que pelo país fora davam seguimento às suas orientações), outros porque assim eram mentirosamente chamados, como está nos documentos de então. Veja-se este:

Administração Geral do Distrito do Porto
1.ª Repartição, n.º 17

Ilustríssimo Sr. Administrador do Concelho da Póvoa de Varzim

Ilustríssimo Senhor
Constando oficialmente nesta Administração Geral que na freguesia de Santa Maria de Terroso, desse Concelho, grassa escandalosamente o cisma, e até se celebraram Sacrifícios e fizeram Baptismos em casas particulares, ordena S. Ex.cia o Sr. Administrador Geral que V. Senhoria proceda à captura daqueles que forem achados em flagrante e a todas as mais diligências que lhe foram ordenadas na circular n.º 23 por esta Repartição, de 15 de Março deste ano, empregando sempre a maior vigilância para não progredir tão grave mal.
Por esta ocasião, manda o mesmo Senhor lembrar a V. Senhoria o cumprimento do ofício confidencial que lhe foi dirigido em 15 deste mês.
Deus guarde V. Senhoria.

Secretaria da Administração Geral do Porto, 29 de Maio de 1838.
António Luís de Abreu, Secretário-geral.

Recorde-se que estamos a 6 anos da aparição da Santa Cruz.

Os “sacrifícios” celebrados em casas particulares referem-se sem dúvida à Eucaristia.

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