quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma ponderosa reclamação

De fins de 1834 até ao regresso do reitor Manuel José Gonçalves da Silva, paroquiou Balasar o P.e Domingos José de Abreu, que residia na freguesia desde há alguns anos. Assinou ora como pároco, ora como coadjutor, ora como cura.
Domingos José de Abreu é o pároco do tempo das obras da actual capela da Santa Cruz e do começo da Junta de Paróquia. Lidou muito de perto com Custódio José da Costa.
Em 9 de Junho deste ano de 1837, a Câmara da Póvoa reuniu extraordinariamente para ouvir uma reclamação dele e de mais alguns moradores de Balasar. Era sem dúvida a primeira vez que um pároco desta freguesia ia à Câmara. Parecia estar em causa algo importante.
Sessão extraordinária de 9 de Junho de 1837
Aos nove dias de Junho de mil oitocentos e trinta e sete, nesta vila da Póvoa de Varzim e salas das sessões onde se achava presente o Presidente António José Vicente Ribeiro de Queirós e mais membros da Câmara Municipal abaixo assinados, por ele Presidente foi declarada aberta a sessão.
Aí compareceram perante esta municipalidade o Pároco da freguesia de Balasar (o P.e Domingos José de Abreu), António Francisco, António da Costa Raposo, António José da Silva e João Lopes, da mesma freguesia, os quais reclamavam perante a Câmara de não terem sido recenseados pela Junta de Paróquia daquela freguesia para votarem e serem votados nas presentes eleições de Câmara e Administrador.
E enquanto ao Rev. Pároco esta Câmara lhe deferiu a sua reclamação pois que como tal precisava-se ter o rendimento da Lei. Quanto aos outros suplicantes, informassem a Junta de Paróquia sobre os motivos que teve para os não recensear, para se lhes deferir na sessão de amanhã. Se deferiram vários requerimentos.
E por nada mais haver houve ele Presidente fechada a sessão, que assinaram.
Eu, António Joaquim de Santana, secretário, o escrevi.
Seguem-se as assinaturas.
Duma reclamação feita nestas circunstâncias esperava-se mais. O Pároco de Balasar saiu-se mal: então ele ignorava coisa tão básica, como era a de não ser suficientemente abastado para participar naquelas eleições? E os outros, davam-se mal com a Junta?
Havia sem dúvida em Balasar fricções, que envolviam também o pároco…
Entre os balasarenes que acompanhavam o P.e Domingos José de Abreu estava o tristemente célebre António da Costa Raposo, que faleceu no ano seguinte, às duas horas da manhã de 22 de Novembro. O pároco assistiu-o nos últimos momentos. António da Costa Raposo tinha feito testamento no dia anterior, isto é, algumas horas antes, assinado a rogo pelo pároco.
A acta falava da eleição do administrador. Ano e meio depois, iria ser eleito António José dos Santos, para substituto, mas que mais adiante passaria a efectivo. Ele vivia em Vila Nova, muito próximo de Vila Pouca, de onde era António da Costa Raposo.

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