quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Uma mensagem do Regedor de Paróquia

Temos andado a recolher informação sobre os regedores de Balasar. Eles comunicavam frequentemente ao administrador do concelho (no tempo em que o havia) acontecimentos ocorridos na freguesia. Nesse sentido, as suas missivas assemelham-se um pouco aos noticiários do P.e Leopoldino.
Houve regedores severos, ao menos tão papistas como o papa – e o papa aqui era o administrador. Manuel José de Faria foi sem dúvida um deles, como se pode verificar neste pedido duma escolta para a festa do Senhor da Cruz de 1847.
Ele propunha-se aproveitar a presença da tropa para “prender alguns mancebos”, isto é, alguns rapazes em idade de ir para o serviço militar, que muitas vezes se punham a monte quando sabiam que os queriam levar.
Os cabos de que fala o regedor são os cabos da polícia, balasarenses que a autoridade indicava para auxiliarem permanentemente o regedor.
Não entendemos o caminho que Manuel José de Faria propôs para a vinda da tropa, mas é fácil de ver que pretendia que a chegada dela fosse surpresa.
Era proverbial a liberdade ortográfica dos regedores, o que no original também se verifica.
Regedoria de Balasar

Ilustríssimo Senhor 
Incluso participo a V. Senhoria que é de costume fazer-se uma romaria no dia do Corpo de Deus, que é a 3 de Junho; e por isso peço a V. Senhoria que mande uma escolta para guardar a mesma romaria, que é de costume até aqui ela vir. E na mesma ocasião pode-se prender alguns mancebos.
Insisto me fará o maior favor.
Eu não posso fazer execuções porque me não fio no segredo dos cabos. V. Senhoria mande-me resposta se manda vir a escolta para eu formar a minha ideia. Se ela vier, pode vir em direitura pelo (?) a esta freguesia.
É preciso que V. Senhoria mande pedir vinte e cinco até trinta praças. Eu cá os espero no dia 2 de Junho pelas 5 horas da tarde.
Deus guarde V. Senhoria.
Balasar, 25 de Maio de 1847.
O Regedor Manuel José de Faria

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