segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Poesia da Beata Alexandrina (4)


Só por amor!

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, até ao fim os amou” (Jo 13, 1).
É para este amor radical que é chamada a alma-vítima e é ele que a Beata Alexandrina canta neste seu poema.
Em termos de versificação parece-se com poemas de Miguel Torga: nem fica prisioneiro da versificação tradicional nem é verso livre. Isto não significa que a autora tivesse conhecimentos poéticos para fazer estas opções: tudo é fruto de espontaneidade.

Só por amor me deixei ferir,
Só por amor meu coração sangra,
Só por Ti, Jesus, a dor tem doçura,
Só na cruz contigo se me alegra a alma.

Duro é meu penar por Te saber ofendido;
Só por amor direi sempre: tem encantos o martírio.
Aqui tens, meu doce Jesus, o meu peito para abrigo.

Meu coração foi ingrato contra o meu Deus e Senhor;
Foi assim que Lhe paguei o Seu infinito amor.
Agora só quero amá-Lo e suavizar-Lhe a dor.

Dizer-Te quanto Te amo não preciso, Jesus.
Tu vês o meu coração e quanto ele ama a cruz.
Porque é que ele sofre? É só por Ti, meu Jesus.

Só por amor! foi o título escolhido pela D. Eugénia para uma sua magnífica biografia da Beata Alexandrina. “Quase uma autobiografia”, pois é predominantemente uma montagem de textos da biografada.

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