sexta-feira, 6 de julho de 2012

Faz agora 100 anos… (4)


A Primeira Comunhão

A primeira biografia que se publicou sobre a Alexandrina apresenta-a como “uma vítima da Eucaristia”. De facto a sua intimidade com Jesus era constante. Daí que os seus biógrafos dêem merecida atenção a este relato:

Foi na Póvoa de Varzim que eu fiz a minha primeira comunhão, com sete anos de idade. Foi o Sr. Padre Álvaro Matos[1] quem me perguntou a doutrina, confessou e me deu, pela primeira vez, a Sagrada Comunhão. Como prémio, recebi um lindo terço e uma estampazinha. Quando comunguei; estava de joelhos, apesar de pequenina, e fitei a Sagrada Hóstia, que ia receber de tal maneira, que ficou tão gravada na alma, parecendo-me unir a Jesus para nunca mais me separar dele. Parece que me prendeu o coração! A alegria, que sentia, era inexplicável. A todos dava a boa nova. A encarregada da minha educação levava-me a comungar diariamente.

Se comungou pela primeira vez com sete anos, comungou poucos meses depois de chegar à Póvoa, quando a luta contra a Igreja estava bem acesa: pretendiam impedir até a catequese infantil.
A vida da Alexandrina foi uma vida de luta.
Voltamos a colocar aqui o soneto que celebrou a Primeira Comunhão do ano seguinte, na Matriz poveira:
A Primeira Comunhão 
(No Domingo de Bom Pastor) 
Duas a duas, em passo compassado,
Fervorosas, elevam sua oração
As crianças que o Cordeiro Imaculado
Pela primeira vez hoje receber vão. 

Sisudas e graves, o olhar extasiado,
Para o Céu, onde cantam com devoção
Os Anjos que, cheios de amor dedicado,
A Deus mil graças e louvores dão. 

Ajoelham, serenas, à sagrada mesa
Aqueles verdadeiros símbolos da pureza
Para receberem o cândido Jesus… 

Que elas vêem, rodeado de Querubins
E de ternos e formosos Serafins,
Fulgente e belo, irradiando Luz!... 

Foz, 1912 
J. B. de Ovídio Machado


[1]  Este sacerdote residia mesmo ao lado da Matriz, em frente à actual residência paroquial, mas teve bens em Balasar; faleceu em 1923 como pároco da da Póvoa e mereceu então os mais altos e gerais elogios.

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