quinta-feira, 5 de julho de 2012

Faz agora 100 anos… (3)

A MARIA-RAPAZ

A adolescência e a juventude da Alexandrina hão-de ser marcadas pela sua exuberância. Vão chamar-lhe maria-rapaz por ser dada a a infindáveis brincadeiras e até a jogos de forças. Isso já se anuncia na pequena estudante:
Distraíam-me, acariciavam-me, faziam-me todas as vontades e, depois de algum tempo, resignei-me.
Continuei a ser muito traquinas: agarrava-me aos americanos, deixava-me ir um pouco e, depois, atirava-me ao chão e caía; atravessava a rua, quando eles iam a passar, sendo preciso o condutor deles acusar-me à patroa. Muitas vezes fugia de casa e ia apanhar sargaço para a praia, metendo-me ao mar, como fazem as pescadeiras; trazia-o para casa e dava-o à patroa, que o vendia depois aos lavradores. Com isto afligia a patroa, pois fazia isto às escondidas, embora rapidamente.
A Deolinda contou ao P.e Humberto que ela gostava de irritar os guardas-republicanos contando esta quadra:
Co’as barbas de Afonso Costa,
Nós faremos um pincel
 Para engraxar as botas
 Ao bom rei D. Manuel.
Alguma coisa percebia da agitada situação política do tempo...


Em cima, Rua da Junqueira ao tempo da pequena Alexandrina: repare-se nas vestes femininas e no trilho do americano.
Em baixo, um americano. Este meio de transporte vinha do Passeio Alegre pela Rua da Junqueira, passava a Praça do Almada e ia para Vila do Conde, donde depois regressava. No trajecto da Alexandrina para a escola ela vinha da Rua da Junqueira para a Praça do Almada e seguia até à estação da CP; coincidia portanto num largo troço com o do americano.

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