domingo, 3 de junho de 2012

Um arrependido


Naturalmente, quem passa pela vida sem atropelar as regras elementares da moral e sobretudo quem passa pela vida dentro do espírito genuíno do cristianismo é merecedor de todo o aplauso. Mas também merece aplauso quem, se alguma vez falhou, se recompôs.
Cremos que foi o caso dum balasarense que fez o seu testamento em 20 de Junho de 1899. Copiámos a parte inicial, que é a que interessa para o nosso caso.

Registo de testamento cerrado com que no dia 30 de Novembro de 1910 faleceu no Rio de Janeiro, Brasil, António Alves de Sousa Campos, de Balasar

Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro, digo eu, António Alves de Sousa Campos, solteiro, lavrador, de maior idade, natural da freguesia de Santa Eulália de Balasar, do concelho da Póvoa de Varzim, filho legítimo de António Alves de Sousa e de Rita Alves, da dita Balasar, que, temendo a morte, as contas que hei-de dar a Deus e tencionando ausentar-me para o Império ou República do Brasil, resolvi fazer o meu testamento, o qual efectivamente faço pela seguinte forma:
Em primeiro lugar, encomendo a minha alma a Jesus Cristo, que a remiu com o seu preciosíssimo Sangue, à Virgem Santíssima, ao Anjo da minha guarda, ao Santo do meu nome, a todos os Santos e Santas da Corte do Céu para que orem a Deus por mim. E, dispondo do temporal, declaro, como acima foi dito, que sou filho legítimo de António Alves de Sousa e de Rita Alves e que por fraquezas humanas tive relações ilícitas com Ana Domingues da Costa Gomes, filha de António Domingues Gomes e de Maria da Costa e Silva, de cujas fraquezas humanas houve uma criança do sexo feminino, a que se deu o nome de Felisbina, a qual considero como filha minha e instituo por herdeira; assim como, por iguais fraquezas, tive relações com uma filha de José Domingues Martins e de Maria da Costa Lopes, do lugar de Gestrins, da mesma de Balasar, a qual nesta data se acha em estado de gravidez, e por isso também instituo como meu herdeiro ou herdeira o fruto que esta der à luz e venha a salvamento, e isto se entende não só dos adquiridos como das legítimas paterna e materna (…)

António Alves de Sousa Campo, arrependido, assumiu a paternidade dos seus filhos, não fez como o pai da Alexandrina.

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