segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Outros nichos e alminhas

A fé católica afirma o Purgatório como um período de purificação, transitório e nem sempre indispensável, que precede a entrada no Céu. A sua existência, que tem fundamento mesmo no Antigo Testamento, é essencial uma vez que as pessoas se não dividem entre as que fazem tudo bem e as que fazem tudo mal: ficam quase todas num meio-termo. Daí a necessidade de purificação.
Essa doutrina era tomada muito a sério no séc. XVIII em Balasar: sacerdotes rezavam ofícios pelos falecidos, celebravam-se missas de sufrágio, deixavam-se legados e davam-se esmolas com a mesma intenção, etc. Havia até a Confraria das Almas.
Os nichos das alminhas visam o objectivo do sufrágio: são um apelo aos transeuntes para que lembrem na sua oração as almas do Purgatório.
Portugal é o único país do mundo que possui no seu património cultural, localizadas habitualmente à beira de caminhos rurais e em encruzilhadas, as alminhas, representações populares das almas do Purgatório que suplicam rezas e esmolas.
A palavra nicho, em arquitectura, designa uma cavidade, normalmente numa parede, onde se coloca uma estátua, que assim fica ao mesmo tempo protegida e visível. Os nichos de alminhas e outros que há em Balasar ficam alguns em paredes, mas em muitos casos são uma pequena construção quadrangular mais ou menos autónoma.
De facto, estes nichos constituem pequenos oratórios públicos, que nem são estruturalmente muito diferentes dos tradicionais oratórios particulares; o que não são é todos alminhas. Há-os muito simples e há-os bastante elaborados em termos artísticos.
Alguns devem ser tão antigos como o Nicho do Senhor dos Aflitos.
Só no Telo há três, dedicados um à Senhora do Carmo e outro às Almas do Purgatório; o terceiro, que seria certamente o mais vistoso, tem o quadro em reparação.
Outros nichos ficam: em Gresufes, na Casa Santos, ao Senhor do Bom-Fim; na Casa Cancela, à Senhora do Carmo; na Casa de S. José, no Calvário, às Almas do Purgatório; na Casa Miguel Carvalho, em Bouça-Velha, a Santa Luzia; na Casa Joaquim Leitão, no Casal, a Santo António; na Casa Mariano, no mesmo lugar, a S. Bento; na Casa Junqueiro, ao Senhor da Cruz; na Casa Alexandre, Monte-Tapado (abandonadas); e na Casa Machado, Lousadelo, à Beata Alexandrina.

Nichos recentes

Os nichos mais recentes de Balasar não são alminhas.
O que é dedicado a S. Luzia, em Bouça-Velha, há-de ser contemporâneo da construção da Casa do Carvalho; guarda por isso memória da antiga devoção a S. Luzia que se desenvolvia na capela que fora a antiga igreja paroquial do Casal. É um nicho que segue o modelo tradicional, mas sujeito a uma execução artística muito diferente e que condiz com certa opulência que a casa pretendeu aparentar. 
Muito mais recente é o de Nossa Senhora dos Caminhos, na Quinta. Curiosa a sua localização, na saída para Fiães pela antiga estrada. Um também dedicado a Nossa Senhora é o das Fontainhas, inaugurado em 2007. Pouco anterior há-de ser o do adro, ao Imaculado Coração.
Recentes também são o de Fontela, a S. José, e o de Lousadelo.

Alminhas e outros nichos em Balasar, de cima para baixo:
Aminhas no Telo
Alminhas no Caminho Largo
Nicho a S. Bento, no Casal
Alminhas sem painel no Telo
Nicho a S. Luzia em Bouça-Velha, sem a imagem
Nicho a S. José em Fontela
Nicho a Nossa Senhora de Fátima nas Fontainhas.
Há ainda várias outras alminhas e nichos na freguesia.

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