sexta-feira, 29 de julho de 2011

A festa do Sagrado Coração de Jesus de 1936, em Balasar


Em finais de 1935 (23 de Dezembro), o Idea Nova informava que o P.e Mariano Pinho fixava residência em Braga, isto é, abandonando a direcção de Brotéria, vinha para o Norte empenhar-se mais afincadamente na propagação das Cruzada Eucarística e das Congregações Marianas. Isso punha-o em contacto muito mais próximo com Balasar.
Veio a esta freguesia logo em Janeiro e depois no princípio de Maio. Mas voltou em finais de Agosto para um tríduo em honra do Sagrado Coração de Jesus.
Alexandrina fotografada pelo P.e Mariano Pinho em 1935

Na sua correspondência de 25 daquele mês (saída em 29), informa o P.e Leopoldino que “principiam amanhã, na igreja paroquial, umas conferências preparatórias da festa do Sagrado Coração de Jesus, que se realiza com brilho no próximo domingo.
Na quinta-feira, haverá comunhão e prática aos Cruzados, pela paz na Espanha; na sexta-feira, comunhão das mulheres; no sábado, comunhão dos homens; e, no domingo, haverá procissão eucarística, actos de desagravo, alocução e bênção pública, no largo da igreja.
Esta festa é promovida pela Associação do Coração de Jesus, fundada nesta freguesia no dia 2 de Julho de 1893 […]”
Na correspondência de 31 de Agosto, dá conta do êxito da festa, que foi grande:
“Revestiu-se de grande brilhantismo a festa do Sagrado Coração de Jesus ontem realizada. As conferências do Sr. P.e Mariano Pinho foram muito concorridas, principalmente pelos homens, que ocupavam a maior parte do templo. O assunto – o Apostolado da Oração e a Acção Católica - versado com mestria pelo grande orador, foi ouvido com atenção e agrado.
Em três dias houve reunião de confessores, sendo a comunhão geral no domingo numerosíssima, tomando nela parte mais de dois terços da freguesia.
Durante o tríduo, distribuíram-se cerca de 2000 comunhões. A missa da festa, cantada pelo nosso Rev. Abade, acolitado pelo Rev. Abade de Macieira e de S. Martinho do Outeiro, teve grande concorrência, estando encarregado da parte cantada o coro das mulheres, acompanhadas a harmónio pelo Rev. Abade de Rates.
De tarde, houve sermão, acto de consagração, bênção pascal e procissão, em que Jesus-Hóstia foi levado em triunfo por todo o povo da freguesia, entoando cânticos e passando por um tapete de verdura, vendo-se um artístico tapete de flores à porta da Sra. D. Rosa Murado.
No largo da igreja, foi dada a bênção pública depois duma brilhante alocução pelo Rev. Pinho, sendo Jesus Sacramentado muito vitoriado com palmas, vivas e acenar de lenços.
As crianças da Cruzada Eucarística empunhavam uma linda bandeira, com a cruz de Cristo, entusiasmando-se muito ao saudar com ela Jesus-Hóstia.
Enfim, foi uma festa que deixou saudades e que devia agradar ao Sagrado Coração de Jesus, a quem foi dedicada.
Parabéns aos zeladores do Apostolado da Oração”.
Em No Calvário de Balasar, escreveu o P.e Mariano Pinho a respeito deste tríduo por si pregado em Balasar:
“De 26 a 30 de Agosto de 1936, o director prega em Balasar um tríduo e teve então oportunidade de atender a doente a Alexandrina) com mais vagar. Num desses dias, Nosso Senhor interrompeu o longo silêncio de mais de quatro meses e vem confortá-la:

Mi­nha filha, com estes teus sofrimentos tens-me salvado muitas almas. Ora pela minha querida Espanha (grassava então na Espanha a guerra civil comunista). Vês o castigo de que Eu tantas vezes te falei? Estender-se-á a todo o mundo, se não se faz penitência e se não se convertem os pecadores”.

A Alexandrina passava então por um período de “treva cerradíssima e sofrimentos ininterruptos que a têm constantemente entre a vida e a morte. As cartas para o director interrompem-se durante quatro meses e tanto”.
O P.e Leopoldino ignorou isto nas suas notícias, que são preciosas apesar de tudo. Nem terá chegado a saber quase nada do que com ela se passou.
Note-se que o sucesso da festa também se deveu ao “grande orador”.
O Abade de Rates era o músico e compositor P.e Arnaldo Moreira; o de S. Martinho do Outeiro (Outeiro Maior) era o balasarense P.e Celestino Furtado.
O harmónio de que se fala era de Rates e era trazido à cabeça por uma mulher, numa distância de mais de cinco quilómeteros...

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