quinta-feira, 3 de junho de 2010

Para não ler…

É de facto para ler algum lixo que aqui vamos colocar. Ter ele sido escrito é que foi erro.
Se fosse possível reunir tudo o que o P.e Leopoldino publicou, resultaria um grosso volume. A nosso ver contudo isso não é possível. E a razão é que ele, ao menos durante muito tempo, não assinou o que escrevia para os jornais.
Ele deve ter começado a publicar muito cedo, talvez em jornais vila-condenses, quando tinha a seu cargo a capela de Nosso Senhor dos Navegantes.            
No começo de Janeiro de 1912, quando o P.e Leopoldino completaria 32 anos, O Poveiro, de que era colaborador, anunciou o seu aniversário e deu-lhe os parabéns:
“Os nossos parabéns vão não só a ele, que ele tudo merece, mas a seu extremoso pai e a sua família, que o não esquecerá. Ao padre Leopoldino Mateus, acérrimo defensor das doutrinas da Igreja, um apertado abraço e muitos anos de vida na boa carreira que segue em honra da nossa terra”.
Pois um jornal republicano ultra achou por bem tirar estas inqualificáveis conclusões da delicada saudação:
“1 – que o Padre Leopoldino fez anos, no dia 7 de Janeiro, que se resolveu vir visitar a luz do sol a este mundo;
2 - que tem sido um bom camarada do Laurindo, do Prior e dum outro imbecil a quem chamam Alfredo Fernandes da Silva, o Fresco, espécie dum nojento trapo arremessado a uma sargeta, coadjuvando-os nas escabrosidades da cloaca jornalística;
3 - que, para honra da crença professada por aquela merdífera raça de gentalha, a companhia do padre Mateus é indispensável e insubstituível;
4 – que, por tudo isso e pelo mais que não souberam dizer, engasgados como ficaram, pelo taco das grandes comoções, o padre Mateus teve de pagar algumas canecas de vinho e receber os mil e um parabéns da pitoresca confraria.
Pois receba, agora, o padre Leopoldino Mateus também as nossas felicitações, pelo seu aniversário natalício, e continue a deliciar-nos com as caldeiradas do seu engenho e arte de escrever «relâmpagos», que parecem «frescas» baboseiras de fadista aperaltado; «secções alegres», destinadas a anavalhar, caluniosamente, a honra alheia e «críticas de tacão», para rebaixar os sentimentos dos democratas e enaltecer as «virtudes» dos milhafres da grei jesuítica. E tudo em nome de Deus?!...”
Esta linguagem (que infelizmente ainda é possível encontrar hoje em certos meios), comenta-se a si mesma; mas a elevação d’O Poveiro era conhecida, tanto que em tiragem ultrapassava de longe os outros semanários da terra e aos poucos projectava-se como de dimensão nacional, quando os republicanos o silenciaram.
Alude-se no escrito a colaboração jornalística atribuída ao P.e Leopoldino, mas não é garantido que essa atribuição corresponda à verdade.

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